S.M.S

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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

SANHARÓ: Atendimento no Hospital – “Até quando o Povo vai se submeter a tanto descaso” ? – Por Hugo Soares Fernandes *


Caros leitores do blog OABELHUDO, pedi a licença ao meu tio – e amigo – Paulinho Muniz para escrever um pouco sobre a situação pela qual passei no último domingo (06 de Outubro de 2013) na Unidade Mista João XXIII, o hospital de Sanharó.


Unidade Mista João XXIII de Sanharó. Atendimento sob dúvidas...
Unidade Mista João XXIII de Sanharó. Atendimento sob dúvidas…




Unidade Mista João XXIII

e suas condições de trabalho


Aos que não me conhecem sou filho de Eliane soares e de Silvio Fernandes, e na companhia do mesmo tive que ir às pressas a Sanharó na tarde do domingo, pois recebemos a notícia de que minha avó - Alda Fernandes, se encontrava internada no hospital da cidade.
Ao chegar, procurei informações sobre minha avó e depois de tomar ciência da situação, senti-me no direito e no dever de procurar o médico plantonista para saber informações sobre como minha avó chegou e quais as condutas que foram tomadas para estabilizar a situação (tomei tal atitude por se tratar de um ente mais do que querido e por ser estudante de medicina).
Ai que vem o motivo pelo qual escrevo aos senhores leitores e cidadãos sanharoenses …
Soube que minha avó chegou ao serviço com a pressão baixa e nesses casos tem-se duas condutas a tomar: oferecer soro na veia para o paciente e/ou fazer medicamentos vasoativos (que aumentam a pressão). Ao conversar com o médico, o mesmo me informou que no hospital não havia medicamentos vasoativos.
Tomei a liberdade de examinar minha avó para checar parâmetros simples como pressão, frequência cardíaca, frequência respiratória e saturação de O2 (esse último feito para avaliar se a oxigenação se encontra nos níveis desejáveis). Pois bem, minha avó se encontrava com uma saturação de 83 e com uma frequência respiratória de 44 (um indivíduo normal satura entre 96 a 99 e mantém uma frequência de no máximo 22, em repouso). Pergunto ao médico porque não deixar algo para monitorar alguns desses parâmetros citados acima, e o mesmo me diz que minha avó não poderia ficar com o monitor mais adequado porque no serviço só há um monitor desse tipo e que, infelizmente e concordando com ele, poderia chegar alguém mais grave precisando do equipamento.
Ao conversarmos sobre o quadro, perguntei se poderíamos colher uma gasometria (exame através de uma pequena coleta de sangue que ajuda na avaliação da ventilação do paciente) e o mesmo profissional me informa que naquele hospital não se realiza tal exame. Incrédulo, pergunto se poderíamos pensar em fazer um exame de sangue para uma avaliação de algumas taxas da minha avó, e sou informado de que exames laboratoriais só são realizados durante a semana e apenas exames de baixa complexidade.
Momentos depois, o medico de plantão realiza o HGT (para avaliação da glicose no sangue) e passa a suspeitar que minha avó seria uma diabética ainda não diagnosticada, então pergunto: podemos fazer uma dieta por sonda para diabético, já que fazem algumas horas que minha avó não come? E recebo mais uma vez a noticia de que no hospital a dieta é igual para todos os pacientes, seja ele diabético ou hipertenso, TODOS recebem a mesma alimentação, sem avaliação de nutricionista.
Inconformado com a situação, afinal de contas se tratava da minha avó, pergunto se poderíamos começar uma antibioticoterapia de amplo espectro (para cobrir várias bactérias, já que passamos a suspeitar de infecção), o mesmo médico em questão me informa que os medicamentos que ele faria para tal situação o hospital não os tinha.
Com os meus, ainda poucos conhecimentos já esgotados, olho para o médico e pergunto: e agora ? E como resposta recebo um sorriso um tanto irônico, um tanto desacreditado e o seguinte comentário:“pois é, você ainda vai se deparar com situações iguais ou piores que essa e, assim como eu, vai se encontrar de pés e mãos atadas”.
Como se não bastasse tal comentário, ainda ouço: “a sorte é que você é da área médica e consegue entender que não é por falta de vontade de trabalhar, mas sim por falta de condições. Agora imagine se um paciente morre nas minhas mãos e os parentes, na maioria das vezes pouco instruídos, estão no local, o que eles irão falar? No mínimo que o culpado sou eu!”
Já desanimado, decidimos transferi-la para Caruaru. E de uma técnica de enfermagem escuto: “isso aqui já foi pior” !
Será que não há como melhorar tais condições de trabalho? Iria você, como medico brasileiro, cubano, americano ou de que nacionalidade for se sujeitar a isso? Até quando o povo do nosso país, estados e municípios irão se submeter a tanto descaso ?
Hugo Soares Fernandes
* Autor: Hugo Soares Fernandes – É sanharoense e acadêmico de medicina.

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